Em meu trabalho um pouco itinerante pelas escolas brasileiras, converso sempre com profissionais de educação sobre o Ensino Híbrido, alguns confundem com ensino online (EAD) e outros torcem o nariz por presumir que é ter um computador por aluno na sala de aula ou deixar que alunos usem what’s app, facebook (…) na sala de aula. Acontece que Ensino Híbrido ou Blended Learning não se trata disso, a ideia é trazer ferramentas tecnológicas para o cotidiano escolar e sair um pouco do giz e quadro (lousa), mas não quer dizer algo desorganizado onde os alunos irão acessar a internet sem um rumo ou que se precise investir “milhões” em equipamentos.
Há diversas formas de se abordar essa prática, uma das mais simples é começar a trocar deveres de casa ditados ou escritos a giz por atividades online. Neste caso existe apenas uma mudança de hábito, no lugar do professor preparar seus exercícios a lápis e caneta em uma folha de papel, irá digitar estes mesmos em algum meio eletrônico, seja um documento de texto, apresentação ou adicionar em alguma plataforma da escola, é importante ressaltar o fato de não ser um “retrabalho”, o professor não fará duas vezes a mesma coisa, apenas substituirá uma pela outra. E na hora da aula não haverá aquele momento onde o aluno copia as atividades que ele fará em sua casa, neste momento o professor poderá aproveitar para ampliar ainda mais o assunto abordado ou abrir diálogo para dúvidas serem ouvidas e respondidas.
Tudo não passa simplesmente de uma mudança de hábito, pois há um modelo secular de que o professor é apenas um transmissor de informações, como se fosse uma TV ligada e os alunos passam a aula assistindo-o, tal qual a célebre frase “As pessoas ligam a televisão quando querem desligar o cérebro”, os alunos passam a aula toda com o cérebro desligado esperando apenas por cópias e o Ensino Híbrido surge como uma entre milhões de formas de se quebrar este paradigma.
É fácil fazer isso?
Como a maioria das coisas na vida não é uma tarefa fácil, contudo fechar os olhos para um mundo de possibilidades também não resolve nada, hoje em dia quando temos uma dúvida ninguém mais vai na enciclopédia ou no dicionário, as pessoas vão sempre no Google e os alunos também já estão fazendo isso a quase a pelo menos 15 anos. Agora cabe aos profissionais de educação decidirem quem é melhor para ensinar, o Wikipedia ou professor ?
Claro que não tenho nada contra procurar material de estudo online, eu mesmo aprendi muito assim, mas acredito que um profissional de educação que estudou para tal tarefa irá direcionar muito melhor os estudantes ao ponto central de um determinado assunto.
Em uma escola com seu modelo já formado, essa prática deve ser aplicada aos poucos, não só pelo motivo de resistência por alguns profissionais, mas também pelo fato de se testar a melhor abordagem, pois não há uma só forma de se aplicar e inclusive a abordagem que citei pode ser que não se aplique ao seu ambiente escolar, por isso farei no mínimo mais uma postagem explicando vários tipos de Ensino Híbrido e seu determinado “grau de dificuldade”, iria começar assim, entretanto por muitas pessoas desconhecerem o que é e estabelecerem um certo preconceito com meios tecnológicos, achei melhor fazer um introdução e deixar claro que não é um bicho de sete cabeças.